Na embalagem, alguns alimentos prometem muito sabor sem prejuízos para a sua
dieta: integral, “zero açúcar”, “sem gordura trans”, “diet”, “light”. Mas são nas letras
miúdas do verso que estão alguns segredos desses produtos que podem não ser
tão saudáveis assim.
Para entender como não cair em pegadinhas, o UOL ouviu três especialistas que
explicam por que ler a composição e a tabela nutricional dos rótulos é tão
importante quanto verificar o preço e a data de validade.
“Ao comprar um produto sem olhar o rótulo, você pode ingerir uma quantidade
muito maior de gordura, sódio e açúcar do que o necessário”, diz Daniela Gomes,
nutróloga do HCor (Hospital do Coração).
Esses três elementos costumam ser usados para aumentar a validade e melhorar o
sabor dos alimentos ultraprocessados. O problema é que, a longo prazo e
associados a fatores de risco como sedentarismo e tabagismo, esses elementos
aparentemente inofensivos podem causar obesidade, diabetes, hipertensão,
alterações no colesterol.
De olho nas quantidades
Na tabela nutricional, o primeiro passo é olhar a porção considerada pelo
fabricante.
“Alguns produtos escrevem na embalagem que são isentos de algum nutriente, mas
isto se refere a uma porção. Por exemplo, se estamos falando de uma bolacha
recheada, talvez a porção de 3 bolachas não contenha gordura trans (na verdade
contém, mas é uma quantidade mínima que não é considerada pela Anvisa), mas
se a pessoa comer mais que uma porção, pode estar consumindo uma quantidade
significativa de gordura trans”, afirma a nutricionista Iara Waitzberg Lewinski.
Além disso, ao comparar a porção em duas marcas distintas, é possível
verificar se a mesma quantidade de calorias, por exemplo, refere-se a volumes
distintos do alimento.
Outra dica das especialistas ao ler a tabela nutricional é dedicar mais atenção às
quantidades e dar menos importância às porcentagens, já que são valores de
referência baseados em uma dieta de 2.000 kcal por dia e não levam em
consideração as necessidades de cada pessoa.
Adriana Yuki Sakurai, nutricionista do Instituto Butantan
Ela afirma ainda que, de modo geral, produtos com mais de 3g de gordura saturada
na porção devem ser evitados.
As proteínas possuem função de construção e manutenção das células, tecidos e
órgãos, além de dar uma maior sensação de saciedade. Desse modo, um iogurte
com mais proteína, por exemplo, manterá sua fome sob controle por mais tempo.
A lista de ingredientes
Na hora de escolher entre alimentos, verifique a composição do produto
(https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/05/04/o-que-temnos-alimentos-industrializados-que-consumimos.htm).
Iara Lewinski, do Ganep Nutrição Humana
Nem sempre, no entanto, os ingredientes aparecem com o mesmo nome que
conhecemos. Açúcares podem vir descritos como sacarose, xarope de milho,
xarope de glicose, frutose, glucose de milho, glicose, açúcar invertido, mel,
melaço, melado, dextrose, maltodextrina, entre outros.
Produtos “light” e “diet (https://noticias.uol.com.br/saude/ultimasnoticias/estado/2017/07/11/por-que-querem-que-o-brasil-aumente-em-20-osimpostos-sobre-refrigerantes.htm)”
também precisam de atenção. Os primeiros
apresentam teor de gordura reduzido, mas podem ter açúcar na composição,
enquanto os alimentos com selo “diet” podem ser tão calóricos quanto os normais.
Arte/UOL
A ingestão de sódio recomendada pela OMS e pelo Ministério da Saúde é de 2g por dia –
uma colher de chá
Outro ingrediente importante é o sal, que pode aparecer na embalagem como
glutamato, ciclamato, caseinato, citrato e propionato, por exemplo. “O sódio em
excesso leva a um aumento da retenção de líquido, fazendo de contenção dos
vasos, desregulando hormônios, o que pode causar hipertensão”, diz Gomes.
A gordura trans, por sua vez, costuma ser chamada de gordura vegetal hidrogenada, ou simplesmente hidrogenada.
“Este tipo de gordura é extremamente prejudicial para a saúde, pois eleva o
colesterol ‘ruim’ (LDL) e reduz o ‘bom’ (HDL), aumentando as chances de se
desenvolver doenças cardiovasculares como o infarto, diabetes, AVC, entre outros”,
afirma Sakurai, nutricionista do Instituto Butantan.
Tá difícil decifrar os rótulos?
Na dúvida, dizem as especialistas, o melhor caminho é priorizar a feira e consumir a
menor quantidade possível de alimentos embalados.
Para quem quer uma dica rápida para escolher os alimentos nas prateleiras do
supermercado, a nutricionista do Butantan sintetiza:
“Aquele produto que tiver menos ingredientes,menos nomes que você nunca viu na vida (por
exemplo, nomes que remetem a um produto químico) e que não tenha o açúcar como primeiro
ingrediente é um forte candidato para ser levado para casa.”
Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/07/26/sem-acucar-integral-sera-mesmo-aprenda-como-ler-rotulos-em-supermercados.htm